terça-feira, 24 de maio de 2016

20º dia | Santa Maria Egipcíaca, a penitente

Com doze anos fugiu Maria da casa paterna e foi para Alexanadria. Aí passou uma infame vida, vindo mesmo a ser o escândalo daquela cidade. Depois de permanecer 16 anos em pecado, foi em peregrinação até Jerusalém, pois celebrava-se naquela cidade a festa da exaltação da Santa Cruz. Movida mais pela curiosidade do que por devoção, quis a pecadora entrar na igreja, mas no limiar da porta sentiu uma força invisível que a empurrava para trás. Tentou uma segunda vez entrar e novamente foi repelida. O mesmo lhe sucedeu pela terceira e quarta vez. Então, encostando-se desconsolada num canto do pórtico, foi iluminada para conhecer que, por sua má vida, Deus a tocava para fora da Igreja. Levantando depois os olhos, para felicidade sua, viu uma imagem de Nossa Senhora que aí estava pintada. E, voltando-se para ela, disse em lágrimas: 

— Ó Mãe de Deus, tende piedade desta pobre pecadora. Bem vejo que pelos meus inúmeros pecados não mereço que olheis para mim, mas sois o refúgio dos pecadores, por amor de Jesus, vosso Filho, ajudai-me. Fazei que eu possa entrar na igreja pois eu quero mudar de vida e ir fazer penitência aonde Vós me ordenardes. Ouviu então uma voz interna, como se a Bem-aventurada Virgem lhe respondesse: Eia, já que a mim recorrestes e queres mudar de vida, entra na igreja, que já sua porta não se fechará para ti. Cheia, agora, de confiança, a pecadora contrita adora a Santa Cruz e chora. Tocada em seu coração pela graça divina, retorna à imagem e lhe diz: 

— Senhora, aqui estou pronta; para aonde queres que eu me retire para fazer penitência. 

Vai, respondeu-lhe a Virgem, para o Jordão e acharás o lugar do teu repouso. Resoluta, a pecadora confessa-se, comunga, passa o rio e chega ao deserto. Vendo ali a agreste paisagem, entendeu que era este o lugar de sua penitência. 

Apesar de uma grande vida de oração, nos primeiros dezessete anos, os demônios lhe travaram intensos combates, desejosos de vê-la recair. Mas, a penitente aflita, recomendava-se sempre mais à proteção de Maria que lhe aumentava gradualmente as forças para resistir. Finalmente, depois de ter vivido 57 anos naquele deserto, achando-se na idade de oitenta e sete anos, permitiu a Divina Providência que fosse encontrada pelo abade São Zózimo. A ele contou toda a sua vida, pedindo insistentemente que retornasse ali no ano seguinte e lhe desse a Sagrada Comunhão. 

Voltou, com efeito, o santo levando-lhe a sagrada hóstia. Ao despedir-se, São Zózimo prometeu visitá-la novamente no ano seguinte, mas, desta vez, encontrou-a morta, com o corpo cercado de luzes, tendo na cabeça escritas estas palavras: 

– Sepulta neste lugar o corpo desta miserável pecadora e roga a Deus por mim.

Sepultou-a o santo na cova, que um leão veio abrir e, voltando para seu mosteiro, publicou as maravilhas que a Divina Misericórdia operara com esta grande penitente que a Igreja canonizou com o nome de Santa Maria egipcíaca. 

Frase do dia:

"A Arca salvou a família de Noé e, por ela, o gênero humano; Maria salvou os homens por Jesus Cristo." 

(Cornélio a Lápide)

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